Empresas recrutam
pós-doutores para inovar
26/01/2014 - 03h00
DHIEGO MAIA
DE SÃO PAULO
DE SÃO PAULO
Assim
que concluiu o mais alto nível de especialização em uma universidade da
Espanha, a pós-doutora em biologia molecular Ana Azambuja, 32, fez o caminho
inverso de grande parte de seus colegas: em vez do mundo acadêmico, ela
escolheu um trabalho na indústria.
"Eu tinha uma agonia em
ver anos de pesquisa na universidade não sendo aplicados. Na indústria, o
processo é mais rápido e palpável."
A pesquisadora trabalha no
centro de pesquisas da Natura, na Grande São Paulo. Ela desenvolve estudos para
retardar o envelhecimento da pele, a maior demanda da companhia.
A partir de março, ela vai
integrar uma pesquisa que vai consumir R$ 20 milhões pelos próximos dez anos
para investigar todos os fatores que levam o ser humano à sensação de bem-estar.
Azambuja faz parte de um seleto
grupo de pesquisadores que desenvolve inovação na iniciativa privada.
Segundo a mais recente pesquisa
de Inovação Tecnológica do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística), a falta de mão de obra qualificada é o segundo maior obstáculo à
inovação na indústria brasileira.
O primeiro é o custo elevado.
O presidente do Centro de
Gestão e Estudos Estratégicos (CGEE), Mariano Laplane, explica que a presença
de "pós-docs" nas grandes corporações é um fenômeno novo.
"Esse processo ainda está
emergindo no Brasil. A maior parte das pesquisas ainda é feita nas
universidades, até pela quantidade de doutores que o país dispõe."
Eduardo
Anizelli/Folhapress
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Ana
Azambuja é pesquisadora da Natura. Ela diz que, no mercado, a pesquisa é mais
palpável
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Em Belém do Pará, outro
pós-doutor mantém em paralelo as atividades acadêmicas com a pesquisa no
mercado.
Cleidison de Souza, 39,
trabalha no instituto de tecnologia da Vale.
Especialista da área de
computação, ele desenvolve um software para reduzir os índices de acidentes de
trabalho nos trilhos entre Carajás (PA) e São Luís (MA), trecho utilizado pela
companhia para o transporte de minério de ferro.
Ele diz que a "fuga"
de pós-doutores rumo ao mercado ocorre pela remuneração.
"O salário do professor
universitário não é adequado dado o papel desse profissional. Isso influencia a
ida dele para a indústria."
O pós-doutorado não é um título
acadêmico, mas a parte prática da pesquisa.
Em geral, tem um ano de
duração. Ainda não se sabe a quantidade certa de pós-doutores que circula pelo
país.
Só a Capes (autarquia do
governo responsável pela pós-graduação) forneceu em 2013, mais de 6,1 mil
benefícios para o pós-doutorado.
A Fapesp (Fundação de Amparo à
Pesquisa do Estado de São Paulo) também é outra entidade que apoia a formação
de "pós-docs".
Em seis anos, a fundação
concedeu mais de 8.000 bolsas.
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